quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Somos artesãos de pessoas

Para fazermos um objeto cerâmico, um vaso, por exemplo, usamos de muitos artifícios que vão desde a seleção do material necessário da escolha do barro à sua etapa final que é quando o mesmo é assado, por isso, seguimos um método que deve obedecer a um determinado procedimento: a qualidade e quantidade da argila, a forma do objeto, a sua espessura, a sua capacidade e por fim em que temperatura deve ser assado. E nesse trabalho devemos ter bastante cuidado para que esse objeto possa ao seu término ser de qualidade para o uso pessoal ou para o comércio como acontece na maioria das vezes quando se trata do artesanato.
Na escola também somos artesãos: a nós como educadores compete a árdua, a fatigante, mas a gratifica tarefa de modelar esse objeto – esse objeto que é o aluno, o ser humano, a pessoa. É um sacrifício, podemos pensar assim, é de fato um sacrifício só que ao dizermos isso não nos atentamos para o significado desse vocábulo “trabalho sagrado” (sacro = sagrado) + (ofício = trabalho). Algumas vezes em nossas vidas estamos sacrificando algumas coisas em favor de outras. E na escola, o objeto é muito mais do que um simples objeto, é o produto, é o sujeito.
A escola precisa estar aquecida de técnicas, metodologias, estratégias e deve ser um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades múltiplas. A escola deve ser um ambiente preparado, adequado para receber esse ser – o aluno. No ofício de assarmos um vaso cerâmico muitas vezes precisamos diminuir essa temperatura, puxar mais tições, outras vezes precisamos estar mais atentos, vigilantes, acompanhando a etapa final do processo. É assim também na escola: temos que estar atentos, acender, atiçar para que o produto que se espera seja resistente aos anseios da sociedade e dessa forma estamos despertando valores.
Desde a etapa inicial, aos selecionarmos o material para a confecção do vaso, devemos ter bastante cuidado, pois a insuficiência de um dos ingredientes pode comprometer a eficácia na conclusão desse produto. É certo que ninguém quer produzir um mau produto, porque não quer ter dificuldade ao vendê-lo. Já imaginou se um comerciante teria sucesso em sua venda se usasse desse marketing: “Olha pessoal, estou vendendo esse vaso que foi feito por mim, mas ele não é muito bom, faltou a seleção adequada do barro, eu não tive cuidado ao modelá-lo, sua borda está meio torta, ele não está bem assado é possível que ele quebre numa primeira queda”. Gostaríamos de dizer assim com nossos produtos nossos alunos? Admitimos que falhamos na adequação de nossas metodologias? Ou seria que s[o colocamos a culpa na lenha que faltou, o forno mau feito, a falta de material, o sistema, a escola?
Somos por isso, artesãos de pessoas, somos gestores de pessoas, somos lenhas, somos tições, devemos estar acessos e aquecer o forno para que esse vaso possa ser durável, resistente e não se quebre em nenhuma queda e que qualquer comprador possa ter interesse em adquiri-lo e dessa forma nós vendedores, possamos nos orgulhar no nosso ofício.

Edivaldo Borges
Professor cursista
Redenção do Gurguéia - Piauí - Brasil

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